segunda-feira, 7 de outubro de 2013

vervento

angústia
como um cardume
de rochas e seus dentes
chifres
do aço assado
dobrado
sem qualquer resiliência

meu peito
vejo um tufão
sem giro
doloroso por sua parada
por sua instância de silêncio

e tudo pois tua mão não estica
não se apresenta para a tristeza do mundo
para a tragédia

está vivo
tua sorte te contempla
como aquela bússola
de navegantes de estrela

mas, não queres olhar o sangue no chão
Não queres ver a mão picada pela tua borboleta
não queres abrir um buraco para finalmente ver que o buraco pode existir
está aberto com as portas abertas com as janelas

o buraco
o buraco que é o inverso do sonho
e ao revés ainda o sonho
como o vento ao inverso.

Fugindo
sempre fugindo

e por isso tão angustiado
porque não consigo
capturar o sino

o sino que estala
a raiva
e aquela porção úmida e fétida

que reside no cansaço
no silêncio
profundo
no silêncio que dobra o corpo
instaura
eras de outro silêncios

que cada músculo
guarda
vigia
disciplina

negativamente
como uma cela
em que os prisioneiros
com o mesmo rosto
e todos iguais

olham-se uns para os outros e se auto-acusam
pois são todos os mesmos
todos criminosos

e o crime ainda perdido
perdido


domingo, 1 de setembro de 2013

sobre o casar.

todas as teorias
relativizadas
todos os homens
relativizados
todas as mulheres
relativizadas


Correr atrás do quê
de quem?

sou mais um,
apenas mais,

por isso que é tão difícil em se falar em
casamento.

(a)diversidade

quando saí
pela porta
logo tombei
na pedra

porque eu não sabia
que havia pedra

depois ainda vieram
outras

já não eram pedras
talvez facas

algumas foram até belas mariposas

mesmo sem eu sabê-las
mesmo sem eu entendê-las

mesmo sem eu precisá-las.

não há, não houve jeito
mas, sempre haverá
mais uma e mais uma
pedra
mais que drummondiana
no caminho

Passando

amar o sonho
mas existe lá fora
bem mais que o único

todo um futuro
todo um presente

lá fora
tanto quanto
dentro

e caminhando vou vendo
tanto

mais do que eu fui e sou
agora já mudei
de novo

já nem sei de hoje
o que já nem sei de amanhã

minha boca uma abertura
minha perna uma distância

viram vieram virão

continuo passando.
Ao olhá-lo
amigo de infância
as roupas brancas
tão bonito
e asseado

ao olhar-me
ainda o mesmo
e diferente
ainda em rebuliço

o que conseguiu,
consegui,
ele quem sabe
o dinheiro
eu
quem sabe
o analista.

ele, o surfista,
eu o professor.

O que há hoje?

um dia fomos meninos
um dia fomos
estranhos.

Ele hoje é só um cabelo alinhado
hoje sou apenas a reminiscência de um cabelo comprido
desalinhado

e possivelmente
caindo.

que o prisma
a luz branca
pode cegar
e ainda que
se veja
o arco
em cores
uma vista
sempre mais
que uma