Atravessá-la mais uma vez
a dor
que parece voltar
e da qual pareço não ter nunca êxito
batalha de mãos atadas e
guerrear contra aviões em céu aberto
mas, não sou vítima,
o medo que anda sempre
a ansiedade reciclando-se
e mais uma vez voltei a
ruminar quando não queria
Mas o que foi que me fez assim
que me fez tão preocupado
amálgama confuso
de desespero?
até ontem, meu coração calmo
manso e sem velocidade.
hoje é este turbilhão de medos
- de novo estou olhando para o que mais temo
e por não conseguir sofrer , continuo ruminando.
sou como uma vaca maldita
no pasto verde
de manchas escuras
minha bile
remastigo
é como ficar encher um copo que nunca se finda
é como ficar caçando o ar
e eu aqui, sendo racional...
apenas uma lágrima, venha,
e a lágrima
e nem o vomito
sabem como me chamo
ainda assim, atravesso a dor,
atravesso
como se cruzasse um deserto sem fim
atravesso
o passado é só areia
o futuro é só areia
o presente areia
mas toda esta areia sempre se movimentando
e eu as cruzo sem pudores
envolvendo-me em sua dança
e atravessando-a
o rumo que não pode existir
e que existe.
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