quinta-feira, 2 de agosto de 2012

maso

Retirou o isqueiro. A casa.

Fazia tempo que ele frequentava, em silenciado, aqueles porões. o estalar de ratos,ou os fantasmas apenas em barulhos. Àquilo que soava como escuro, não se sabia se o frágil da vista ou se se via, pelos contrários.

Desceu a escada, lebres passos. Em nevulações, branqueando-lhe a vista, sons pareciam descer: quem sabe um rato?

Foi quando algo pulou-lhe sobre o ombro, descendo como vermelhas cachoeiras. Sem que pudesse se desvencilhar do que vinha, apenas sustou suas mãos, acima, desespero em todo tato. Adentrando e adentrando, foi descendo, não com controlar de pernas, descia-se como em uma avalanche sem motor e sem ponto de saída, suas pernas apenas - seus braços tentando se apoiar em qualquer coisa, qualquer estro à mão, à mínima paupadela, ao mínimo resultado de desvencilhamento do medo...

aquele zumbido.

os pedaços da casa sobre suas costas, em lentamente caiam sobre seu pescoço - estilhaços e após escombros, sem nunca pararem. As mãos em vão fitando proteção, mas a impossível defesa. Dores. Uma faca em forma de frincha na pele. E de repente milhões delas. Culpado fosse. Culpado do silêncio, nada gemia. Aguentava a pena, apenas, apesar de que houvesse voz para tanto. Mas, só se expressava em mímico lábio. A dor, dores - veio então a faca, as facas e uma sirene perpassando-lhe o estômago, queria vomitar... mas como se um ópio o embriagasse sem o efeito do não sentir. Sabia só do vício, ficar e receber, ser rompido.

Em interno, vísceras quentes. O calor agora explodia afora. Os rubros internos em movimentos vulcânicos. Ninguém para ajudá-lo, nem sua voz, outra apenas:

- não é o bastante ainda, não ainda.

E viu-se o próprio lábio dizendo-lhe isso, não era ele. Como sofrer a própria dor e assim , querer-se tão mal?

As paredes suavam em branco, até que os tijolos, um a um, como aves e bicos como ganchos. ferido até o que não se pudesse. minúsculos os tijolos encrespando-se a pele, após corrompidos, mil lacetas, e penetrando a carne infrenes, raspando-lhe o inverso dos pêlos, rasgando-lhe os músculos, dilacerando ossos, substanciando-lhe os líquidos de infecções febris.

A febre, de fato. A temperatura e o sol nas vísceras. ácidos sulfúricos tal o líquido do corpo. decumpunha-se e ainda ali, caminhando, sem conseguir parar

- começaram os zumbidos mais uma vez, desta vez por todos os órgãos; os ouvidos dos tecidos vibrando - barulhos pra cachorros, dolorosos. dentes sônicos comendo a carne, deitando mensagem:

- ainda não, mais, a qualquer momento.

os cabelos, agora agulhas, os pensamento, pesos e machados. a tortura era como uma massa única. dor.

olhou as mãos, como se possível. as linhas agora cordas puxando , repuxando-lhe, forca de identidade. E ser si mesmo era adaga. abriu a boca, a língua engulindo-se a suforcar-lhe.


sozinho.


e nem um pio. nem uma tortura. nada.

nada.

nada.


e um pingo. como séculos deles. sobre o nariz. e o eterno som da miséria e a ínfima dor revolvendo-se, ressurrecta às vezes, e a exaustão de dias de crueza, o sonido mortável, o pequeno golpe inelutável.


Todo o corpo então se repuxando para dentro, contorcendo-lhe até o suspiro.


O gemido ainda calado, a boca ainda plena. esticou talvez o braço, ajuda? Mais uma vez, só, só somente. Pensou uma ideia de fugir, fugir... Os pés ganhando força, e tentava subir a escada, arfante. A escada e a escada e a escada. Os degraus continuavam, mais um e mais um e meu deus mais um e sem deus. apoiou-se exausto em um. O degrau, um barco virado - ali estava no oceano, em meio ao azul faminto. Ilhado em o que pareciam lágrimas que escorriam - quanto mais chorava, mais o oceano se enchia como se o afluente seus próprios olhos. Queria conter o choro, não ía. E quanto mais choro, mais se precipitada em quase não mais existir.


- não gritava, não gritava.


Foi se afogando, no entanto. submergindo e a falta de ar era simples diante do nada das águas, nem mesmo águas já. Era um vazio. um só. um o quê? nem água, nem mais ninguém, nem via a si mesmo naquilo que nem sabia dizer se se tratava de algo. Nem mais podia dizer ou ser qualquer coisa.


Um pássaro , um risco, um vidro estilhaçado. Os cados todos no próprio pulso, uma cruz sem o ofício, só a punição. Vislumbrou uma figura, possível companhia. Uma imagem apenas. Tentou chamá-la. A voz a voz a voz! e a figura se esvanecendo, sem cores, uma figura indo-se. esticou um dedo até as pregas vocais, arrancou-lhes e atirou a imagem. Voando, as pregas atingiram um dos cacos.



o gritou estralou-se por todo o corredor, vinha como uma gosma. De repente, o chão de novo, o silêncio do porão. Olhou-se e viu um caco, o único caco que permanecia.

Jogou-lhe contra o mundo - viu-se- parecia ser a si mesmo. O caco era quem sofria. e ele e aquela ferida. como se um tiro ou um soluço. notou-se o vidro. a carne: a isca o arpão e o peixe.

o isqueiro dormia, a casa, cinzas.

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