sexta-feira, 20 de julho de 2012

Além

às vezes eu também posso ser penas sentimento irracional e sem freios às vezes apenas uma lágrima sem coerência uma frescura sem cabimento às vezes sou apenas a insegurança a tristeza a tpm o sentir somente sem pensar o sofrer apenas chovendo no molhado às vezes eu também posso ser a foça o me sentir na situação-limite o ataque de berros o esperneio o canto e a sensação de isolamento a vontade de matar a todos a sensação de estresse só de conviver comigo mesmo às vezes eu também posso ser exagerado valorizar demais as coisas sofrer demais urrar demais ser ingênuo ser tolo me sentir uma criança estúpida mendigando afeto às vezes eu também posso não aguentar querer fugir chupar o dedo ser dramático ser estúpido e me queixar de me queixar ser frio cético querer me matar e achar isso ridículo querer descontar toda a minha incapacidade de me suportar em alguém sair gritando filho da puta a todos e babaca e idiota e seu bosta e todos os xingos possíveis e arranjar uma luta no meio da rua apenas pelo motivo motivado da sem razão e beber beber até não ter mais fígado e chegar em casa sorrindo como um idiota apenas por me achar vazio frágil incapaz de lidar comigo mesmo e consultar os psicólogos psicanalistas e também as bulas os antidepressivos as drogas pesadas o sexo irracional e violento e quem sabe comer até a minha própria merda gozar em toda a casa quebrar paredes explodir algum banco ou indústria ser apenas um anarco infantil um ultraesquerdista sair por aí desafiando sumidades cuspindo nas autoridades querendo ser suicidado Me sentindo de tão inútil um deus sem razão de ser um todopoderoso sem poder algum um vazio de raiva e ódio uma bile das coisas mais simples dos pequenos detalhes ínfimos das besteiras mais desimportantes e por isso mesmo mais fundamentais o senhor dos horários pontuais e da total ateção a todos os detalhes de minha existência um sultão: deem-me de comer de beber e depois eu me próprio acerto a cara rasgo o espelho cansado desta face idiota do corpo fragile da aparência sempre a mesma do ser bonzinho do ser educadinho queria vomitar cada parte de educação de atenciosidade de generosidade queria mostrar que sou sujo infecundo que sou um egoísta alguém que com nada se importa nem comigo nem com ninguém alguém sem valor algum podre destrutivo e vaidoso alguém que ama o nada e o tudo e a tudo e a nada é indiferente e o peito estufado e a sensação de falta de ar a face vermelha a expósição sem proposito e a timidez ao mesmo tempo o não querer me afirmar o querer levar porrada masoquistamente e querer assassinar alguém ser mãe e mandar a filha ir pra casa ser filho e me açoitar pelo feito errado e mandar aquela pessoa que tive de me calar que tive de segurar o grito manda esta pessoa a merda socá-la pisá-la destruí-la e pra quê? .... eu só queria estar sozinho aqui nesta prisão quente aqui neste nada ver de ninguém aqui nesta morte terna aqui fechado no canto sem nada sem qualquer machucado mas o mundo está lá fora ele me chama ele me expões me abre um janela na cara me diz viva e viver é um imperativo e viver é ter de sair daqui daqui discutir com outros daqui ser mais que eu sou ser mais obejtivo ser mais direto ter de brigar e não só nestas inúteis palavras brigar com o corpo não com o verbo ser vivo ver viver abrir aquela porta me acertar com o vento deixar passar a raiva deixar passar o vento um cabelo voando vai vai e some e ninguém o julga ele está além além.

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