the twilight
under the sea
i see the fresh morning delight
in the soflty shadows
of my grandma's tea.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
De como nossos amigos nos pegam e nos dão porrada
De como nosso amigos nos pegam e nos dão porrada.
despercebidamente,
um golpe desferido - coisas escondidas que descobrimos sem querer,
atenções solfejadas em cantos
quando achamos que fomos esquecidos.
Mas lá vem as velas
o vento contornando a orla dos afetos
lá vem
quantas e quantas porradas enchendo os pulmões de lágrimas
e de respiros os olhos
sinto até que posso dizer
sim, estou maravilhosamente vivo.
despercebidamente,
um golpe desferido - coisas escondidas que descobrimos sem querer,
atenções solfejadas em cantos
quando achamos que fomos esquecidos.
Mas lá vem as velas
o vento contornando a orla dos afetos
lá vem
quantas e quantas porradas enchendo os pulmões de lágrimas
e de respiros os olhos
sinto até que posso dizer
sim, estou maravilhosamente vivo.
Nenúfares explosivos
Monet - nenúfares.
1
explodes nos rios
em teu núcleo
uma estrela telúrica
dispara um raio
- luminescências orgânicas.
2
flutuas
porque aprendeste a
arrancar
inundado
revólveres para sobrevivência.
3
estrela verde
que se abre
e vejo nirvanas
nas possibilidades explosivas
da vida nos lugares inimagináveis.
4
verde é também teu fogo
crispando
entre lenhas líquidas
5
queimas por dentro quando investe nas correntezas ao redor
e não há diferença entre o exalar e o perfume
são idênticos na profusão das contingências...
6
pétala
mas lasca
e quando será alivia-te
exala
o respiro a um homem?
7
nenúfares explosivos
em meio ao verde consumismo
tua fotossíntese será
o ígneo manifestar das revoltas?
quarta-feira, 28 de julho de 2010
submerso.
no fundo do balde
as bolhas permanecem submersas
e as âncoras sinistras...
sei que se nadasse
veria o monstro, atmosfera acima
mas não posso, não quero encará-lo
e estou prestes a ficar sem ar
e continuo
até que a respiração não seja possível
continuo...
nem afundo
nem subo
apenas continuo.
as bolhas permanecem submersas
e as âncoras sinistras...
sei que se nadasse
veria o monstro, atmosfera acima
mas não posso, não quero encará-lo
e estou prestes a ficar sem ar
e continuo
até que a respiração não seja possível
continuo...
nem afundo
nem subo
apenas continuo.
terça-feira, 27 de julho de 2010
ar
ar, germe de nada
que nos permanece.
comida, antes da comida.
como insandece,
a matéria bruta
e gera mãos
sociedades
possibilidades múltiplas?
como reina
e percorre
socorrendo veias
no momento do colapso?
como arfa
e mantém ainda
sustenta o corpo lânguido
no meio do trabalho inútil?
Não te indignas?
não vês que teu vento às vezes mais mata do que alivia?
que nos teus suores e promessas de brisas
estendes mais o frio àqueles que só tem a promessa do fogo?
E nutres mesmo assim
com teu humanismo rude
porque não julgas
porque não te colocas
porque não te fazes político
porque te crês deus,
por tudo isso;
nutres a todos, alimentas,
mas nem todos podem te sentir
pois tu te dispersas, evades,foges,
e vejo toda tua contradição política
ao contemplar furacões e a destruição
de mansões e casas...
Como podes?
Tão imparcial e tão seletivo ao mesmo tempo?
Não concebo explicação. Apenas entendo que quando
estendem-se bandeiras
é tu que ergues sentido
e ao mesmo tempo
és tu que leva
a roupa sobre o varal
a onda e a areia
a pele e o ruído
e tu te instaura
como silêncio
impiedoso ou apenas sereno.
tu arrebatas
e depois és apenas sumiço.
onde é que deixaste os ventos das pessoas que respiravam?
tu os domiste
e agora te calas sem deixar pistas
mas ainda sinto teus assobios à noite
mistura de ódio e prazer
nos meus movimentos...
que nos permanece.
comida, antes da comida.
como insandece,
a matéria bruta
e gera mãos
sociedades
possibilidades múltiplas?
como reina
e percorre
socorrendo veias
no momento do colapso?
como arfa
e mantém ainda
sustenta o corpo lânguido
no meio do trabalho inútil?
Não te indignas?
não vês que teu vento às vezes mais mata do que alivia?
que nos teus suores e promessas de brisas
estendes mais o frio àqueles que só tem a promessa do fogo?
E nutres mesmo assim
com teu humanismo rude
porque não julgas
porque não te colocas
porque não te fazes político
porque te crês deus,
por tudo isso;
nutres a todos, alimentas,
mas nem todos podem te sentir
pois tu te dispersas, evades,foges,
e vejo toda tua contradição política
ao contemplar furacões e a destruição
de mansões e casas...
Como podes?
Tão imparcial e tão seletivo ao mesmo tempo?
Não concebo explicação. Apenas entendo que quando
estendem-se bandeiras
é tu que ergues sentido
e ao mesmo tempo
és tu que leva
a roupa sobre o varal
a onda e a areia
a pele e o ruído
e tu te instaura
como silêncio
impiedoso ou apenas sereno.
tu arrebatas
e depois és apenas sumiço.
onde é que deixaste os ventos das pessoas que respiravam?
tu os domiste
e agora te calas sem deixar pistas
mas ainda sinto teus assobios à noite
mistura de ódio e prazer
nos meus movimentos...
sexta-feira, 23 de julho de 2010
reflexões
1.
Matas com armas
e já mataste com lírios.
....
2
não sei ser simples seco
nem puramente bruto.
- eu sou a casa,
não só a casa,
mas suas fantasias
na janela.
..............
3
é hora de sair da jaula
comer a carne de Daniel
............
4
deixar que tudo vire
a casca esfarelada
da crisálida sai o bicho:
borboleta a devorar.
..............
5
tiroteios
nos cantos e nos satélites
nem mesmo deitam nas camas
os ratos ou piolhos
...........
6
a padaria dos sonhos
onde comeremos o pão não bíblico?
............
7
pedras - arranhacéus
as pedras sobre alto
não devem ser encalços
para nossos braços erquidos.
..........
8
a impressão
digital
do dedo
não do dígito.
Matas com armas
e já mataste com lírios.
....
2
não sei ser simples seco
nem puramente bruto.
- eu sou a casa,
não só a casa,
mas suas fantasias
na janela.
..............
3
é hora de sair da jaula
comer a carne de Daniel
............
4
deixar que tudo vire
a casca esfarelada
da crisálida sai o bicho:
borboleta a devorar.
..............
5
tiroteios
nos cantos e nos satélites
nem mesmo deitam nas camas
os ratos ou piolhos
...........
6
a padaria dos sonhos
onde comeremos o pão não bíblico?
............
7
pedras - arranhacéus
as pedras sobre alto
não devem ser encalços
para nossos braços erquidos.
..........
8
a impressão
digital
do dedo
não do dígito.
os ovos na manhã
para que sóis
soem pelos círculos
de carabinas.
....
obter cédulas
porque as águias verdes nos bicam o fígado
sobrevoam nosso corpos
e deixam suas penas
acumuladas
buscando
nos engolfar o fogo
...
nasce junto ao broto
toda a ideia do broto
tudo o que pode ser feito
do broto
brota do broto o broto-filho
e do filho sua ideia de broto.
brota assim:
o broto do broto do filho
e ao botarmos o viés em broto:
- broto futuro.
para que sóis
soem pelos círculos
de carabinas.
....
obter cédulas
porque as águias verdes nos bicam o fígado
sobrevoam nosso corpos
e deixam suas penas
acumuladas
buscando
nos engolfar o fogo
...
nasce junto ao broto
toda a ideia do broto
tudo o que pode ser feito
do broto
brota do broto o broto-filho
e do filho sua ideia de broto.
brota assim:
o broto do broto do filho
e ao botarmos o viés em broto:
- broto futuro.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
saber-se?
quantas pessoas perdi por tão pouco?
pelo muito amar,
pelo nem tanto...
quantas pessoas perdi pelos anos...
enquanto sempre estive perdido
já ressabiado, já confuso,
já racional, já incerto
e hoje só desconfioso
pesquisando páginas em branco
as informações no vértice de nada.
Quantas pessoas perdi
por acreditar ter encontrado?
e o toque nem de leve raspou
quando a pele inteira agarrou o outro corpo
cada pequeno pelo roçado...
e a sensação do frio de um copo
cheio de vazio por dentro
em cada sensitiva recordação.
Quantas pessoas, ai quanta gente
que perdi por deixar de lado
por ser indiferente?
pessoas que tive medo de ditar palavra
pessoas que tive medo de roubar a palavra
pessoas para quem não tive palavra
pessoas em que nem sabia o que significava a palavra
palavra
E no entanto
sobrevivi
sozinho e incapaz
e ainda cheios de consolações
afetos
abraços
e nenhum instante sozinho mesmo
mas quem é que pode ouvir sequer um único estalo do meu coração no breu soturno?
Sobrevivi verdadeiramente?
Sim, estou aqui
estou vivo
e viver resta-se
na perda de tudo
e tudo valeu
nas cavernas ficaram as imagens de meus convivas velhos
mortos
apenas realces que eu lhes dei
noções que eu lhes imputei
dias e dias criativos
vividos e degenerados por mim
na ponta do lápis
quem foram aqueles que se encontram junto a mim hoje
nesta roda confusa
neste melindroso novo desconhecimento?
conheci novas pessoas
e as desconheço
reconheci pessoas que sempre me acompanham
e o que sei delas?
e o que elas sabem de mim de si de nós?
nada além do que imaginamos
deito o pulso sobre esta mesa tardia
não devo ter conhecido ninguém em vida
fantasmas que perpassaram o corpo
atravessaram paredes e foram-se deitar
em reclusos recantos descabidos
onde fiquei eu nisso tudo?
vi sobre um caderno
escorrerem as minhas anotações de nada
e quanto mais descrevia cada singular instante
mais via repetirem-se ilusões
e abrirem-se novidades cada vez mais insólitas
um dia vivi a ceosão da vida
e no mesmo
sua total danação
seu total absurdo
gritei:
como é possível?
e tive como resposta apenas o eco de uma mesma pergunta:
Como é impossível?
Incontáveis surgiram os pós e pólens dos dias
e os encerrei na gaveta
quis deitar-me
ou delirava no sono
ou já nem mais me sabia.
soube-me?
........................................à Soraya,fraternamente.
pelo muito amar,
pelo nem tanto...
quantas pessoas perdi pelos anos...
enquanto sempre estive perdido
já ressabiado, já confuso,
já racional, já incerto
e hoje só desconfioso
pesquisando páginas em branco
as informações no vértice de nada.
Quantas pessoas perdi
por acreditar ter encontrado?
e o toque nem de leve raspou
quando a pele inteira agarrou o outro corpo
cada pequeno pelo roçado...
e a sensação do frio de um copo
cheio de vazio por dentro
em cada sensitiva recordação.
Quantas pessoas, ai quanta gente
que perdi por deixar de lado
por ser indiferente?
pessoas que tive medo de ditar palavra
pessoas que tive medo de roubar a palavra
pessoas para quem não tive palavra
pessoas em que nem sabia o que significava a palavra
palavra
E no entanto
sobrevivi
sozinho e incapaz
e ainda cheios de consolações
afetos
abraços
e nenhum instante sozinho mesmo
mas quem é que pode ouvir sequer um único estalo do meu coração no breu soturno?
Sobrevivi verdadeiramente?
Sim, estou aqui
estou vivo
e viver resta-se
na perda de tudo
e tudo valeu
nas cavernas ficaram as imagens de meus convivas velhos
mortos
apenas realces que eu lhes dei
noções que eu lhes imputei
dias e dias criativos
vividos e degenerados por mim
na ponta do lápis
quem foram aqueles que se encontram junto a mim hoje
nesta roda confusa
neste melindroso novo desconhecimento?
conheci novas pessoas
e as desconheço
reconheci pessoas que sempre me acompanham
e o que sei delas?
e o que elas sabem de mim de si de nós?
nada além do que imaginamos
deito o pulso sobre esta mesa tardia
não devo ter conhecido ninguém em vida
fantasmas que perpassaram o corpo
atravessaram paredes e foram-se deitar
em reclusos recantos descabidos
onde fiquei eu nisso tudo?
vi sobre um caderno
escorrerem as minhas anotações de nada
e quanto mais descrevia cada singular instante
mais via repetirem-se ilusões
e abrirem-se novidades cada vez mais insólitas
um dia vivi a ceosão da vida
e no mesmo
sua total danação
seu total absurdo
gritei:
como é possível?
e tive como resposta apenas o eco de uma mesma pergunta:
Como é impossível?
Incontáveis surgiram os pós e pólens dos dias
e os encerrei na gaveta
quis deitar-me
ou delirava no sono
ou já nem mais me sabia.
soube-me?
........................................à Soraya,fraternamente.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
estou no meio do oceano.
qual seria o rumo
para aquela afastada ilha?
Não, não vejo o traço,
nem mesmo visualiso, ao longe,
sequer alguma gaivota.
como prosseguirei?
o barco não é capaz
as águas são demasiado
volumosas
os remos frágeis
nem mesmo
com todo esse esforço
marcaram a linha
de um progresso.
o céu pelo menos está...
estava limpo.
a chuva percorre todo meu rosto,
deveria chorar junto?
cada lágrima parecesse quiçá ainda mais mar...
mas o remo
mais e mais longe
se afasta
da baía.
Que faço, se nem mesmo pernas
tenho para fugir?
No barco, preso,
a comida escassa
o esforço escasso
e um sentimento de preguiça
misturado ao não,
não vale a pena o qualquer esforço.
de que vale, então, esta bússola em minhas mãos?
o norte é só uma direção,
mas não me garante terra.
de que vale, então, esta onda
que nos encaminha,
ela faz apenas o barco em círculos.
E a baía sempre ao longe
e o penoso processo de alcançá-la...
Ficar aqui?
Não chegar em nada?
Talvez esta seja a resposta.
Mas mesmo que eu queira
a correnteza ainda sem que eu a detenha
me leva.
Não, e não a controle,
não há controle.
Deito o remo sobre minhas pernas
e contemplo
a sem saída
a sem chegada
do meu olhar no horizonte
Abre-se uma terra.
Enfim, devo ter chegado.
Mas a alegria me esvai
ao ver meus pés afundando
na miragem dos oceanos
o corpo vai descendo...
era isso tudo a terra?
este era o tesouro?
Foi pra isto que me quis o alcance?
qual seria o rumo
para aquela afastada ilha?
Não, não vejo o traço,
nem mesmo visualiso, ao longe,
sequer alguma gaivota.
como prosseguirei?
o barco não é capaz
as águas são demasiado
volumosas
os remos frágeis
nem mesmo
com todo esse esforço
marcaram a linha
de um progresso.
o céu pelo menos está...
estava limpo.
a chuva percorre todo meu rosto,
deveria chorar junto?
cada lágrima parecesse quiçá ainda mais mar...
mas o remo
mais e mais longe
se afasta
da baía.
Que faço, se nem mesmo pernas
tenho para fugir?
No barco, preso,
a comida escassa
o esforço escasso
e um sentimento de preguiça
misturado ao não,
não vale a pena o qualquer esforço.
de que vale, então, esta bússola em minhas mãos?
o norte é só uma direção,
mas não me garante terra.
de que vale, então, esta onda
que nos encaminha,
ela faz apenas o barco em círculos.
E a baía sempre ao longe
e o penoso processo de alcançá-la...
Ficar aqui?
Não chegar em nada?
Talvez esta seja a resposta.
Mas mesmo que eu queira
a correnteza ainda sem que eu a detenha
me leva.
Não, e não a controle,
não há controle.
Deito o remo sobre minhas pernas
e contemplo
a sem saída
a sem chegada
do meu olhar no horizonte
Abre-se uma terra.
Enfim, devo ter chegado.
Mas a alegria me esvai
ao ver meus pés afundando
na miragem dos oceanos
o corpo vai descendo...
era isso tudo a terra?
este era o tesouro?
Foi pra isto que me quis o alcance?
inútil carvão
eterno
o sempre
de às vezes
em apuros
o muro
que apuro
mas como intermitente
de repentes insólitos
estalam-se no chão
nos campos mais inóspitos?
Como mudam-se pedregulhos
em carvões lapidados
impossíveis como pedras
mas em duro forjados,
como fogo víveo
do composto inútil?
.......................................à minha amiga Luana
o sempre
de às vezes
em apuros
o muro
que apuro
mas como intermitente
de repentes insólitos
estalam-se no chão
nos campos mais inóspitos?
Como mudam-se pedregulhos
em carvões lapidados
impossíveis como pedras
mas em duro forjados,
como fogo víveo
do composto inútil?
.......................................à minha amiga Luana
Assinar:
Postagens (Atom)