quinta-feira, 8 de julho de 2010

estou no meio do oceano.

qual seria o rumo
para aquela afastada ilha?

Não, não vejo o traço,
nem mesmo visualiso, ao longe,
sequer alguma gaivota.

como prosseguirei?

o barco não é capaz
as águas são demasiado
volumosas
os remos frágeis
nem mesmo
com todo esse esforço
marcaram a linha
de um progresso.

o céu pelo menos está...

estava limpo.

a chuva percorre todo meu rosto,
deveria chorar junto?
cada lágrima parecesse quiçá ainda mais mar...

mas o remo
mais e mais longe
se afasta
da baía.

Que faço, se nem mesmo pernas
tenho para fugir?

No barco, preso,
a comida escassa
o esforço escasso
e um sentimento de preguiça
misturado ao não,
não vale a pena o qualquer esforço.

de que vale, então, esta bússola em minhas mãos?

o norte é só uma direção,
mas não me garante terra.

de que vale, então, esta onda
que nos encaminha,
ela faz apenas o barco em círculos.

E a baía sempre ao longe
e o penoso processo de alcançá-la...

Ficar aqui?
Não chegar em nada?
Talvez esta seja a resposta.

Mas mesmo que eu queira
a correnteza ainda sem que eu a detenha
me leva.
Não, e não a controle,
não há controle.

Deito o remo sobre minhas pernas
e contemplo
a sem saída
a sem chegada
do meu olhar no horizonte

Abre-se uma terra.

Enfim, devo ter chegado.
Mas a alegria me esvai
ao ver meus pés afundando
na miragem dos oceanos

o corpo vai descendo...

era isso tudo a terra?
este era o tesouro?
Foi pra isto que me quis o alcance?

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