quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Una

..................................................à André

Se havia algo de heróico
quiçá estivesse emaranhado em sua pele rubra
uma vez que
o medo parecia não te existir
e te despejavas nos confins das matérias
e encaravas os riscos
sem se prevenir
e me remetia à épicos
aqueles oceanos nunca dantes navegados
eras acaso um dos varões assinalados?

No entanto, aquilo parecia se perder
não, que não mais estivesse em ti
tanto de fulgor
tanto de valentia
e de sagacidade
Não.

contudo,
existia algo mais agudo
algo que te fez afastar-se
tocando a orla da tua coragem

Não.
Não foi medo.

É que, dali,
voltarias para casa
sem a sensação de casa

naquela areia
não eras mais o Ulisses
que vai ao mundo
apenas para voltar para o lar

Não.
em cada edifício
você veria das frinchas
o infrene torpor das marés seduzidas pela lua

teu corpo seria
o que ele é enfim:

a única morada.

e te jorrarias
como a correnteza desta paisagem

nas ruas reticências das janelas horizontais...

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