quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Una

.....................................................à Arnaldo

O inverno de um aquário
sem os vidros
te prendeu
no teu vício de medo

por um segundo apenas.

Contudo, qual foi tua serenidade,
após o temor,
que te levou ao solilóquio
com o sol
e com os ares errantes?

estacado como
toda a paisagem
o azul da tua íris
íris-música
estava ileso
de tudo o que fosse o
ato combalente
de se preocupar
e o cerúleo arpejo
da tua retina
que era senão
a serenata diurna
da fluência
daquela vida transparente
riando...?

e,qual foi a surpresa,
o que te apareceu
que no assombro
dos calafrios
deu aquele teu semblante meditativo,
te evocou
a estética sadia
de ruminâncias dissolvidas?

Estava estarrecido...

E todo o amor
que vi no
teu nariz cheirando
o olor das ventanias mescladas
de açúcar e sal;

e todo o afeto
que notei
nas tuas pálpebras se fechando
como o movimento do astro declinando
nas sombras das massas de vapor;

e todo o carinho
que observei
nas linhas dos teus cabelos se fundindo
ao debuxo daquela terra-pó fina
chegando até mesmo
a contornar de rosicler a praia

Que foi tudo isso?
Que foi tal alumbramento?

E quando eu
sozinho
vi
teu rosto
inundado
do belo

porque já não te discernias mais homem

Será que eu via nascer
na verdade
o sereno?

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