quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

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Comento porque quero silenciar. E calo uma tagarelice. um dia pensarei um vento - sem o movimento ou a temperatura -

pensarei o segredo, mas sem a palavra.
nem pensarei, nem mais a ação. nem a substância da ação. nem a ideia da ação.

nem radical, raiz


nem a terra da ação

sequer

a vida.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

prostituta

e fico pensando naquela mulher

sem o substantivo-adjetivo

aquela mulher apenas

sem a palavra mulher

aquela.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ironia circense

quantas suores
atrás da maquiagem
de sorriso do palhaço.

...

lindo...
e se cair de lá de cima?

...

a pose:

por debaixo
dores
e roxos

...
para o alto

bolas

e trocilhões de horas antes

bolas

para baixo

...

o corpo, mó retinho, né?
quantas milhas de abdominais?
e tapas para dedos pra dentro?
e as pernas, tesouras abertas?
....

Eu vou me equilibrar
eu vou
'...'
!ai!



Continuo zombador
não paro
é que a história
de ser sério
não maqueia
o meu riso
a história
de ser isto
aquilo
já era
o que eu quero
desquis
continuo
bobo
e cheio de compromissos
as várias horas que passo
descompassado
com ritmos de preso
com mãos atadas e trabalhando
sem fôlego
e mergulhando para tomar ar
isso tudo
nada me encaixa demasiado
quero outro
zombar
mais sério
e sem dentes
e com muito mais divertimento
quero o palco sem o público
maquinações de finais de tempos
de finais de época
e tudo no começo
de um pequeno e sem vergonha chiste

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Brincadeirinha

você me dá bola
e eu te devolvo

brincamos...

não importa
o que fazer com a bola
apenas que pingue

que pegue e pule e quique

a bola

não importa
a bola sem peso
plana

pulando como o pulso

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

título só que não

eu já me achei
você o disse
o iglu
agora por favor
me diga como
me des-acho
desta casa
sem calhas
ou janelas

...

- identidade, por favor.
- apenas recuso.

a viagem segue.

...

a pele
todos a querem
mas o que é pele
senão um véu.

...

não é uma questão de sou ou estou
é o vago e o vagar disso

...

na ponta do dedo
e podem reconhecer este corpo no mundo
depois da ponta, entretanto,
mais

...

nome:



per-soo.


Não, eu não visto máscaras.
mas, não vês que nada
é natural.

Que eu me escondo?
não é esconderijo
subterfúgio
é apenas a política
a situação
a tática

deste instante.


Se já usei antes
talvez
e talvez tenha funcionado
ou não

depende do

momento.

Não vês que sou um texto?
linhas que continuo a tecer
outras em que me entretenho
entreteço

e provavelmente novas que surgem
fazem-se e desfazem-se


se retramam e destramam incessantemente

uma via
uma rua sem saída
mas também um mapa
que todos os caminhos entram
ou são recortados às vezes
em contextos
estados cidades
e mesmo um ponto perdido no meio do oceano.


o quê? Isto seria uma desculpa
estou fugindo?

Sim, provavelmente

e ainda assim eu
alguém
qualquer nunca saberemos
ou sabemos mesmo é demais

as coisas estão onde achamos
ou desconfiamos

quem sabe?
Per-soo.