segunda-feira, 20 de agosto de 2012

sozinho em sampa (frascos da metrópole)

Sozinho em Sampa
o grafitti das ruas
em meu nome
mensagens diárias
que ninguém busca ver.

meu coração o silêncio

- os fazedores de rima como bardos mudos-

meu coração o silêncio
e observo o abrir de porta do ônibus:

prostitutas, travestis, swingers
a igreja ao lado, um casamento,
um mendigo e um terno:

apenas atravesso a rua
às vezes para ir ao trabalho
às vezes apenas bêbado

...daquele quarto vazio em que me encontro
um arranha-céu brota na sala
dezenas de shopping centers no meu banheiro
dou a descarga.
Na cozinha,uma flor,
mais um litro de gasolina


e hoje durmo mais tarde contando carneiros ou horas extras não pagas...

ao meu redor, pessoas,
sou um sábio sem dizê-lo,
vi a luz e mudo;
messias sem milagre.

...nas avenidas,além dos carros,
meu corpo inerme,
minha tristeza cinza, meu prejuízo sem palavras.


Acordo cansado.
mas as calçadas me aliviam
sou um caminhante, um flaneur sem querer.
começo a conhecer a cidade ou
ela a conhecer-me
suas mãos me tocam como uma noite

o já vivido, o perdido, o luto, o futuro, a incerteza, a loucura -

- batata frita, uma cerveja, um filme hoje, estou sem dinheiro
estou sem amigos, estou sozinho,

sozinho em sampa.

- hoje talvez eu morra debaixo daquele jardim sem que nem mesmo uma planta saiba meu nome ou minhas unhas

- ou então, um estranho talvez, e uma vida...

:e eu viva:

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