quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

fugir
fugir de todos
inadaptável ao meio.

quantas pessoas
quantos problemas.

ser só
só no mundo
mas como
se não há só,
se há mundo?

Como?

de tudo um pouco expropriado
e ainda imerso
até a calha, aquela antiga calha
da velha casa, do velho caso,
de onde escorreu o último pingo da tormenta,
até naquela calha, até nela,
tal leito passei e as águas
destruiram tudo e regaram.


mas, estas ruas em que ando
cidadão egoísta
que não olha os olhos das pessoas
para não se lembrar de humanidades
que quer o dia abatido
o silêncio irresoluto
o cinza, o fosco

este
que não deseja estrelas
que digere as nuvens sem o azul

e veja os paralelepípedos sólidos
como são bonitos os paralelepípedos
com seus vértices, suas arestas,
seu corpo maciço e duro
sua boca quebradiça e ainda assim persistente
resistindo
e pronto para o assassíneo.

ir dizer olá, alô
e mudo
não escutaram.

Lembra quando precisavas apenas falar o teu martírio mais profundo?
e quando alguém dizia, e você, tolamente trágico:
- olha, Carlos, eu vou tirar isto daqui, eu preciso arrumar umas coisas, vou tomar banho, vou sair...
eras tu
ou você?

e o que queria?

lá estou ele, o óvulo quente,
querias que não fossem os outro óvulos apenas se importando com seus
próprios espermatozóides?

quantas mães quis em vida?

três dias apenas
três horas somente
três terços très três.

e quanta matemática foi precisa para fazer o plano de não chegar em nada?
quanta lógica para o fardo de fracassarmos?

fuga ,, a fuga
e o desespero da fuga sem o suicídio

e o busco o capital necessário para a quietude e a mansidão
mas sou só este ´fleumático carro
curvas curvas curvas
e o conhaque, fabuloso líquido contempla o corpo.

vendo sem prestação
a pele
o pêlo
vale algo?

evasão estúpida da mercadoria
não, ser objeto de consumo não te faz
ileso, intocável
aquelas horrendas criancinhas e você na vitrine
uma roupa um brinquedo

e tudo ainda te diz
preste atenção
vivo permanece
não há FUGA.

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