Não, meu caro,
não se afobe.
o amor é tudo isto mesmo.
não é fonte segura de onde se bebe a infinda água
mas é ao contrário
a lassidão do rio que percorrer caminhos indescritíveis
em sinuosidades
adaptando-se aos diversos empecilhos
às curvas inesperadas
aos córregos quase sem vida
às secas já mortas
e até o inconstante do mar e seus fluidos oceânicos...
e o que fazes então com este amor?
que é um dia o colorido
outro a sombra
e no terceiro a meia-luz?
que fazes com este amor
máquina de produções delirantes
de calmas ansiedades ciúmes medos fobias e aquela sensação do insepáravel
e em seu conjunto
do nunca apreensível?
O que fazes se te recolhe a cabeça em amarguras
em melancolias
em apegos que não querem ser apegos
se queres esticar a corda para união das partes
mas não queres o laço
sufocante nó
que já enclausuraram
todos os escravos da história?
o que fazer?
como controlar toda essa impetuosidade
o dia que nasce brilhante tanto
que chega quase que a cegar
como controlar a ardência do fogo
senti-lo
aspirá-lo
sem se queimar
sem se ferir
sem sofrer?
tua mente entende
tua mente quer o sossego da solidão quem sabe
quer o recolhimento
o descanço de achar tudo tolo
e o afastamento da vida.
mas o teu coração
como que segunda mente
continua
e o teu sangue jorra como que voando
em dispersão
para onde vai a minúscula célula que quer a felicidade?
talvez encontre um muro e se choque
talvez torne ao como o ar
mas é impossível controlá-la
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