terça-feira, 17 de novembro de 2009

AnoMaria.

Chamava-se Maria. E por qual motivo? Podia chamar-se Paula, Joana, Madalena, e ainda teria uma carga cristã em seu nome, como também ela não deixaria de ser apenas mais uma no meio de tantas mulheres andando por aí. Contudo, insistem sempre nela, em Maria. Se ela se chamasse Pedra pelo menos ainda seria dura. Só que é sempre Maria - e inúmeras imagens vem a mente, Pietas compungidas sofrendo a pungente perda do filho salvador da humanidade; donas de hotéis importados e com as luzes acendendo : Mary´s Place; senhoritas humildes invisíveis no meio de uma caixa de papelão gritando: meu nome é Maria e o alrme alarde dos carros sobrevoando sua cabeça, deixando um leve vento resfrescante e, sem que ela note, a breve indiferença... da qual ela não está nem aí, afinal, sua indiferença se aloja em tudo e sua constatação de seres de outro mundo é bem mais pontual do que a nossa. E de repente, a estátua começa a falar na rua, tem nome : Maria. E a Igreja de onde se levanta a estátua também tem nome... e é algum nome de santa. E a massa de Maria quiçá reconheça o nome de alguma padroeira tão massa quanto a dita massa. E o mundo todo seja Maria e até o outro mundo seja composto apenas de marias. Enfim, o Universal, o que é do homem é maria e maria é a única metafísica possível. E todas as coisas místicas também Marias, mortes, anjos etc-marias e até o que não é normal, o descabido, o inusitado, anomarias.
E inclusive o que sobra disso e o que se criará depois, Maria... Maria maria Maria. Como aquela música daquele musical... e Maria é a única substância possível e impossível. E maria é tudo e nada.
E a nuvem de marias se deita, dormem marias sozinhas com seus todos acompanhantes marias e naquele sonho, uma apenas quer ser mais que maria, mas só sabe ser mais uma
ou esqueceu de todo aquele seu outro um dia nome.

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