quinta-feira, 4 de junho de 2009

Merdopéia

I

Crio versos do cu

pra não escrever

de cabeça.

II

enrolo o rolo

no verso

cago

erros higiênicos

do cu

Limpo-os

no papel...

o que há entre a linha e o boga?

a matéria defecária

os pêlos crespos enrolados

e a resina úmida

do bosta-poema.

III

Queria fazer um poema materialista

onde cada palavra

se concretizasse em sentido de cimento

e estacasse

vigorosamente

como edifícios colossais de tijolo

mas como do cu

sai só bolo

da bosta crio algo

resposta de algum dolo:

faço destas fezes

a epopéia sadia

de nossa época,

donde o cu

é o protagonista.

IV
poemas em rolo

1
Antes do banho
o sossego da bosta.
2
Depois do banho
um punzim marrom.
3
papel higiênico
como absorvente
pra prevenir
a vida-cu.

V

o cachorro quente
me latiu as tripas
em sua homenagem

rolos e rolos e rolos

Fiz este então
pequeno pergaminho:

de merda.

VI

a vontade de cagar da freira
fez com que deus se abençoasse
em substância.

VII

me perguntaram
sobre a psicologia interior
o insight
o self
os de-dentros.
respondi
curto,grosso, roliço:

A única psicologia possível
é a que se faz
pelo ego
dos intestinos.

VIII

pelo laxante
será
a saída
da política?


IX

Elegia à merda

tu, que tantas vezes
fugiste do meu cu
sem que eu quisesse
agora
porque insistes
em meu ventre
lembrando que a vida
é este prazer e esta dor
de sentar-se
e esperar de repente
o imprevisível?

X

pronto
saíram todos
e
que
bela
cagada.

2 comentários: