Camadas de exaustão
não concordo com a camisa
nem com o megafone
cansei de
Janus políticos
em mesmice confronto
as diversas vias do mundo
e vejo ainda pessoas
na procissão do mesmo paralelepípedo
todos desarrumados e desrumados
e como dizer que estão errados?
digo sem ironia: quem passaria por aquela esquina esquecida se não fosse aquele mesmo grupo idoso no de sempre?
Vejo as casas silenciosas
escuto seus medos
os tapetes quietos
e a sujeira limpa
de sono
as cornetas do outro lado do mundo
vozes ribombantes cruzam uma avenida
azuis ou cinzas às vezes fechando a passagem da esperança
e gás de pimenta
observo a esquina de longe
um mundo paralelo
onde estão os outros caminhos?
Quem passará pela urina,
quem passará pelo edifício de luxo
quem passará pela padaria,
quem passará desta?
Exausto sim,
do silêncio e do grito
- aberto o mundo líquidosubmerso dos apenas ruídos
não ser mais o jovem duro e barulhento
não querer mais a metralhadora
não querer apenas apontar o dedo
ser hoje uma criança solta
o olhar como uma brisa
perpassando e vendo
levando se necessário
ou apenas suavizando
se difícil
o calor do mundo
o mormaço da vida
apenas esse suspiro
nem mesmo música
o desmanche da melodia...
O amor pra folia
nem carnaval nem culto
a sensação do respirável somente
os pulmões cheios
ar
e as veias a correr
sem previsão o sangue
levemente percorrendo
tudo
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