terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

via e ar

Camadas de exaustão

não concordo com a camisa
nem com o megafone

cansei de
Janus políticos
em mesmice confronto

as diversas vias do mundo
e vejo ainda pessoas
na procissão do mesmo paralelepípedo

todos desarrumados e desrumados
e como dizer que estão errados?

digo sem ironia: quem passaria por aquela esquina esquecida se não fosse aquele mesmo grupo idoso no de sempre?

Vejo as casas silenciosas
escuto seus medos
os tapetes quietos
e a sujeira limpa
de sono

as cornetas do outro lado do mundo
vozes ribombantes cruzam uma avenida
azuis ou cinzas às vezes fechando a passagem da esperança
e gás de pimenta

observo a esquina de longe
um mundo paralelo

onde estão os outros caminhos?
Quem passará pela urina,
quem passará pelo edifício de luxo
quem passará pela padaria,
quem passará desta?

Exausto sim,
do silêncio e do grito
- aberto o mundo líquidosubmerso dos apenas ruídos

não ser mais o jovem duro e barulhento
não querer mais a metralhadora
não querer apenas apontar o dedo

ser hoje uma criança solta
o olhar como uma brisa
perpassando e vendo
levando se necessário
ou apenas suavizando
se difícil

o calor do mundo
o mormaço da vida
apenas esse suspiro
nem mesmo música
o desmanche da melodia...

O amor pra folia
nem carnaval nem culto
a sensação do respirável somente
os pulmões cheios

ar

e as veias a correr
sem previsão o sangue
levemente percorrendo

tudo




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