segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ébano

Da antiga eternidade egípcia
que em tronco esculpiu-se
alegóricas cenas bíblicas

a luxúria em madeira escura
e músicas entresibilando-se
nos violinos, violas, guitarras
dos compassos de tambores africanos.

Em xeque, resto.

O caule que cativa em fogo melodias tribais
apenas a pele
noite brilho de piscar de estrelas

Ébano

corpo profundo pra queima
os céus negros não à toa
A boca na raiz do teu perfume sonoro

Ébano

que sugo sáfico
sem escravidões e apenas esta tua dança ardente
esta tua gravidade curvelínea

esta tua presença dura não oca
estas tuas cascas avelanas
e dentro de ti
este negror intenso de noite em que seres nascemos

Ébano
entrebalançando-se
e as amêndoas seus caroços maduros
o sabor honesto e saudável de seu germe

borboletas se fazem aos montes pululando pela resplendorosa madrugada de sugestões

Ébano

eu, neste mármore,
branco apagado
apenas espero

a estrela tisnada
eternizar sólida
entre lençóis de escura terra
d´água.

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