Obrigado pelas gelatinas.
E não diretamente pelas gelatinas
mas por todo o carinho:
o trabalho das bolhas
(o fervor nos potinhos
a limpeza antimicróbica)
o trabalho das mãos
(no singleo ato de abrir as caixas
e quase se queimar, no fumegante líquido,
em despejamento)
o trabalho
já não bastasse o escritório
(a fadiga e o retorno ao lar
o valor quando do sono,
quando a cama cantigando
e os braços pendendo
como se o corpo os acompanhasse...)
Obrigado
pois antes da substância
vieram todas as preocupações
contra o sedentarismos das pernas
estancadas por horas nas cadeiras
esperando quiçá o momento de atrofiar
não fossem as gelatinas
obrigado
pois antes do caldo,
do suco
vem o cuidado
especioso de
educar
a filha
e cada gota de aprendizado
entornando
trazendo as nossas mãos
não apenas o alimento
mas o acumulo de cidadanias e carícias imperceptíveis
obrigado
pelo tempo na geladeira
e a colaração se tonificando
o sabor como que se solidifando
a invisível ansiedade nas bocas
antes do momento de a colher
colher o suco quase rígido
em molescências tranquilas
e os esforços gastro-intestinais diminuídos
e não há mais peso nutricional
estamos na calmaria dos bens nutridos.
sim, obrigado,
obrigado pelas gelatinas
porque ela é, sem que pensemos,
alimento, fonte que nutre cada dia.
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