terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mensagem presente.

....................................................A Vitão.



Dos comandos em ação e fortes apaches até os dias de hoje. E de repente um tanque de areia, universo de castelos e túneis se torna um relez espaço bege de antepassadas lembranças. Antepassadas, porque éramos outros, seres mais novos e mais antigos, como se fossemos parentes antiquados do que somos hoje. E hoje, de fato, o que somos? Somos algo diferente e não parecemos em alguma coisa o mesmo? O mesmo quando lembramos, quando sentamos e revisualisamos os acontecimentos, as células de tempos ainda vivos, células que se explodem, trazendo em seu núcleo, redivivos dias que nunca mais voltarão. E, sim, envelhecemos. E, ainda assim, somos tão novos e nem sabemos o que pode ser a vida, não é? O que vemos, nesta atualidade do existir? Vejo-te a me falar das novidades dos teus dias, de intensidades esquecidas e agora trazidas de volta, mas de maneira apenas parecida. Mirelas deixadas no passado e agora resignificadas, demudadas em outras substâncias. E quando me disse isto, em suaves pensamentos, fiquei feliz e não pela pieguice, não pelo passional, mas pelo afetivo. Por que é isso que um amigo deseja ao outro, não é? É isto: a vida no cerne do indizível. E é isto que te desejei ao longo dos anos, o sentimento de que você sempre continuasse vivo, na plenitude do que pode ser o alcance da vivência. O que sempre almejei que você obtivesse, além do riso que sempre produziu e proporcionou,foi esta sinceridade que vejo que sempre te acompanha. Ela não só foi lúcida pra você em sua vida, mas ela o foi também a mim. Sim, às vezes as atitudes que nem vemos, causam efeitos nos outros. Vitão, eu sempre te considerei um cara valoroso, virtuoso em um sentido ético. Gosto da maneira como você lida com as coisas, com sinceridade, sem medos absurdos do que pode vir. E isto porque você não se deixa menosprezar, não se esconde, pelo contrário, se afirma na adversidade, como uma rocha que mais a reconhecemos como rocha, porque ela ainda se força a permanecer viva mesmo no eterno embate contra as águas.
E é isso que eu queria te dizer: que é isso que admiro em você: a sua briga. Briga por estar vivo... e o jeito sardônico de lidar com tudo isso, porque, no fundo, a vida é isto mesmo: uma grande piada - de choros, risos, picuinhas e momentos de bebedeiras em cima de carros e pedindo mais uma dose de cachaça...
E é assim que vivemos, Vitão. Antes, com visitas ao parcão para brincar de porrobol com os amiguinhos e machucá-los; após, em campeonatos de futebol de escola, onde nos uníamos a fim de destruir canelas, em carrinhos mórbidos e jogos de corpo que faziam os adversários caírem no chão ( ao que dizíamos, para justificarmos: estamos jogando com maricas?); e , por fim, hoje, quando saímos pra beber, ou no templo, em risos cortantes, advindos de comentários sarcásticos,endereçados a pessoas que merecem, como, por exemplos, professores filhos da puta, idiotas, escrotos, mais idiotas, mais escrotos e , a classe mais merecedora de todas - mais professores, só que, idiotas e escrotos.
Enfim, é isto, Vitão. Neste tudo que fora, foi, e é nossa amizade, só posso conceber mais uma coisa, no intuito de manifestar toda a cumplicidade compartilhada. E é o desejo que as coisas continuem na sua vida. Não com o tolo desejo de cartões: a vida em felicidade incomensurável. Que isto é besteira. Não quero que você seja feliz, isto é pouco e isso pode ser banal. O que eu quero é que você continue. E isto está para além da felicidade, está no âmbito das coisas que persistem, na geologia dos mais-um-dias... está, no que nunca permanece como paralisado, e sim, no que busca, nas mãos que só sentem o ar em volta e não sabem onde termina a utopia que pode ser o alcance dos dedos.
É isto, só isto que te desejo, meu amigo. Que você vá, siga, prossiga, continue e recontinue. Que já nem sei quem era aquele de uma foto antiga, mas só vejo o seu rosto sempre outro e nem uma foto mais te captura, pois tua vida,andante permanente, nem mais se enquadra em qualquer perfil que eu pudesse um instante querer pedrificar, porque você é esta mudança, este ilimitável no confronto com o que quer que sejam as impossibilidades. dos dias.

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