quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Una

depois

do trago

veio o sono

mas a madrugada

em seu sopro

abriu

a vontade de novas passagens...


despós

lembrei do passado

ou talvez tenha-o criado


e vieram à mente
todos os nossos rituais capitais

ocidentais

- dores de sisos arrancando-se em ruídos:


divagações sobre futuros
projetos
heis de ser
heis de fazer

e aquela enorme paciência que mais se assemelha a uma reduzível apatia
e a um moroso e marcecível tédio...

e de tanto agitado que se encontra nos nervos
e de tão cheio, estufado, entumescido
de objetos sem serventia, penduricalhos,
kitschs,

e de tão entorpecidos
pelos outdoors
anúncios
e revistinhas de cosméticos
para cuidar do nosso fingimento de jovialidade imortal


e de toda aquela massante massa
dias de gentes, anos de populações,
séculos de avós, pais, filhos, fetos
grávidas em potencial

e exponencial

e com tal massa suas roupas, bolsas, fetiches
e principalmente,
seus índices suas estatisticas seus inúmeros papéis
suas produções e
suas sempre tão fortemente incontroladas necessidades

onde estamos, onde chegamos com tudo isso?

Após...

tudo saiu na fumaça...
e a madrugada veio sentir a minha pele

tudo vomitou-se pelos poros

fui andar pela areia

visualizei as estrelas
havia uma certa dança nelas
e eu
sapatos fora
percorria a praia

sentia um outro perfume ritualístico nas veias

em cada pisada que dava
sentia o caminho que viria subindo

empós

Nenhum comentário:

Postar um comentário