quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Una

como a projeção
do meu desejo
o teu vermelho
me trouxe
o sangue afora
e senti meu corpo
em trêmitos
imaginando
que um esgar teu
um movimento

fosse o necessário
para fazer maremotos
(pelo ar)
nos desertos mais
remotos
e até mesmo
nas minhas ideias mais estagnadas de água

fosse o necessário
para derrubar
todo o meu imaginário de edifícios
para derrubar todos a minha prosa de cumes
e a minha poesia de céu inatingíveis

No entanto
logo vi
que não eras fatal
não como eu pudesse pensar
eras apenas mulher

Mas, em algum dos lados,
talvez tenha sido a cor do teu vestido
que tenha me causado uma certa dor de olhos

e sofri por pensar numa espécie de paixão
que era, na verdade,
a minha apreciação tácita
e às vezes quase sufocante

da plasticidade das coisas
que impressionam
demovem
mas que às vezes
desconfio se são só a capa do desejo oculto

no fundo
na forma
que forjava
o delírio

o rubro aceso
fora
quiçá
a iludida
promessa
de uma ainda
beleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário