como a projeção
do meu desejo
o teu vermelho
me trouxe
o sangue afora
e senti meu corpo
em trêmitos
imaginando
que um esgar teu
um movimento
fosse o necessário
para fazer maremotos
(pelo ar)
nos desertos mais
remotos
e até mesmo
nas minhas ideias mais estagnadas de água
fosse o necessário
para derrubar
todo o meu imaginário de edifícios
para derrubar todos a minha prosa de cumes
e a minha poesia de céu inatingíveis
No entanto
logo vi
que não eras fatal
não como eu pudesse pensar
eras apenas mulher
Mas, em algum dos lados,
talvez tenha sido a cor do teu vestido
que tenha me causado uma certa dor de olhos
e sofri por pensar numa espécie de paixão
que era, na verdade,
a minha apreciação tácita
e às vezes quase sufocante
da plasticidade das coisas
que impressionam
demovem
mas que às vezes
desconfio se são só a capa do desejo oculto
no fundo
na forma
que forjava
o delírio
o rubro aceso
fora
quiçá
a iludida
promessa
de uma ainda
beleza.
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