Duas pessoas e uma faca. E aquele pássaro passava por cima,colorido, em tons azuis, a borda do olho inscrespada de um amarelo. No peitoril, branco. Ele voava, primeiro pra esquerda, depois para a direita,e ao centro. Um rasante, o vento raspando as asas.
Pousou sobra a árvore. Verde, folha que era em tom de mar. mas não era. era só verde mesmo, no verde de alguém que quisesse ver seu prórprio verde ou, ainda, de um verde qualquer. O tronco, porém, amarronzado, os toscos pedaços meio abertos em frinchas, como que colada a casca da madeira pela orla dum fungo. E descia, o tronco rijo, cheio de nervuras, e o delgado das folhas, com seus minúsculos desenhos feito rumos.
Feito linhas em palmas.
Um gemido ao longe.
As raízes e o solo. O solo com o esmeralda em riste. aquele áspero plano, meio umedecido, entrescorregado de lama, e algumas flores caídas, caucando-lhe certo peso.
Ao fundo, alguém com algo na mão, uma câmera? O vidro sendo enfiado de luz por dentro. um sol na tela, capturado em rede. uma imagem gravando.
Um homem, uma mulher, uma faca, um movimento.
o vidro meio arredondado, refletindo na contraparede um objeto do chão. poça d'água. a poça e a lente, dois filmes. o sol em três lugares ao mesmo tempo. um longe, talvez, o outro por dentro do vidro, o outro no absurdo da água. Absurdo, mais ainda, apenas no transparente - com sua cor cheia de imagem.
Alguém observa será?...uma lembrança? aquela voz de mulher ao de longínquo, leves plumas caindo, um pena. Dobradiça, com sua haste dura e a parte externa branca, um D de arco.
32 anos passados no horizonte de um segundo. A mulher, Berta, da cor dos metais, brilhante; um débio segundo; o estourar da vida num acontecimento, ela queria protegê-lo, ajudá-lo, jogou seu peito, introjetando mil desejos de amor, colocados em cima do corpo do homem que recebeu também o crime no corpo, os corpos, unidos, e de repente, os pêlos sobre lascas, dois penedos rolando pelo asfalto, minúcias de pedras, estilhaço de calçadas, descendo o rio da rua, em volta do tépido calor úmido do despontar de uma geleira derretida e agora em brasa, fluindo abrangentemente pelo piche negro da rua, descendo pelas curvas, roçando avenidas, escorregando guetos, penetrando cantos, beligerando becos, mergulhando em concretos, pregando-se em paredes, ondeando em lajes, subindo em elevadores de edifícios modernos até o cume de um pára-raio - raio então, reluzente, partindo o céu num milésimo, lembrança de uma chuva, uma gota, massas se chocando, o vento que as trouxe e antes o morno que as fez, o frio que as compôs... alguém delirando...?
Era uma a câmera flutuando. O que havia ali era, de fato e apenas um homem, uma mulher, plantas e uma faca e a sensação de alguma circunstância.
Isso até pudera ser demasiado e fosse somente uma cena.
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