terça-feira, 8 de setembro de 2009

precisamos de um satélite
pra quebrar o silêncio,
mas não é esse silêncio
o melhor de tudo?

pra que dizer
soltar os furacões dizimadores

arrasar cidades,montanhas,
e até a aurora no horizonte
por causa de uma demanda de palavra...

por causa de uma ansiedade de voz?


por quê essa necessidade de megafones?
de discursos públicos, privados, íntimos?
pra quê tanta vontade de certeza?
Não é o acaso quiçá o que há de bom nisso?

E queres a segurança de uma casa
de um planeta
queres a presença sólida de tudo

e eu só quero ser a água
que tem o aspecto da imprecisão
e o corpo
conforme a silhueta do copo
do lago
do poço
do oceano

do...


e eu, eu que só quero a sombra
a ética sombra
de não saber o que será
desse meio-dia, dessa meia-noite,
desse meio-tempo...

e eu, que só quero um véu negro difuso
ou o sol neblinosamente sorrateiro
a visão do de repente - de chofre.

e o descompromisso
o desapego de
um dia sequer
procurar
meu nome prever

mas tenho o ouvido aberto
em silêncio
pra qualquer nuance do vazio

ou qualquer contorno
do intrigante inesperado

estou na camada do incrível...

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