sexta-feira, 19 de junho de 2009

enquanto acreditávamos

por um segundo

que nossa classe de filhinhos de papai

nos salvaria

da conduta do esculaxo

bem perto

com suas carabinas entupidas

o cão burrão se achega

e já está aqui

mas já não estava sempre?

não sentimos seus latidos

o cheiro de seus pelos encoletados

o fio caindo

de seu membro violento?


a urina chinesa no chão

misturada ao asfalto

que gera

senão a truculência?


raspamos nossos pés-fósforos na rua

e a urina

amarelíticamente

se plasma:

estamos no fogo

e por cima de nós o fumo

algumas pedras com cara de bala

por dentro

as bombas obtiveram efeito moral

sentimos seus efeitos

mas as explosões sempre existiram

veladas

nas decisões dos abstratos

de cujos rostos são apenas fotos

sem nenhuma materialidade

senão a de suas ordens descendo

(obrigadas pelas ordens de outros)

servas do stablishment...

que vivemos

agora?

reação?

alguns moralistas saíram de suas tocas

outros pediram permissão democrática pra se esconder

após 7 horas

a papelada autorizada

uma nota de repúdio

e piquetes picados...


fascistas parecem todos aqueles que tem corpo

então, aqui vai mais um fascismo

que é o de ir contra o fascismo maior estabelecido

isso em nada resultará

mas precisamos pelo menos ter a dignidade

de rir

e assumir

que estamos inermes

que não sabemos o que fazer

que só sabemos contra o que não concordamos

e que estamos difusos

Somos essa massa estranha e heterogênea

que talvez pudesse um dia

esperar utopicamente o nada

ou iremos nos apronfudando

além disso?

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