sexta-feira, 15 de maio de 2009

III.

18 horas

espero a pálpebra do azul descer

meu corpo

suor cheiro cansaço

e a lembrança de papéis encralavrados

sou um túmulo de arquivos

em mim aterram-se documentos,

holerites de antigos funcionários defuntos,

nomes desconhecidos encaixados por sobre uma estante do departamento de eletrotecnica,

manuais de aulas, folhetos,periódicos, normas variadas

NBRS:ISO IEC;ANSIS,NF, BN CISPR

e, principalmente, imagens de mulheres tão intimamente apenas lidas:

Lanas, Kátias e tantas outras...

E no entanto,

continuo no embolorado dos livros, nas traças, nas gavetas,

nos computadores acesos,

nos ares-condicionados

e respiro quase

a sensação do ar.

18 horas que não chegam

e eu espero

sentado

sou uma árvore num deserto

de brancas folhas;

sou o fantasma dos que me pagam

bem como eles são pra mim

uma ode ao abstrato

no dia do pagamento.

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