sexta-feira, 21 de outubro de 2011

no heman

ele não queria e

- estuprado.

Mas, não importa,
ela era feminista.

cantiga de amigo.

ó minha amada,

que já viajaste tanto

onde está tua morada

ò minha amada

que era minha

onde está minha morada?

Que se perdeu

ó minha amada

em qual teia?

Em qual guerra

ó minha amada

que te espero

e te calas

ó minha amada

e sempre me desculpo

enquanto a língua não abres

nem os dedos

nem mesmo um olho sequer indica

ó minha amada

e não alforria não sei.

ò minha amada

porque colonizas

e eu devo ser forte

quando sou a folha caindo

o vento não a sustenta

e nem o chão,

ó minha amada

o que desejas

se sou eu

a minha sombra

ou a de outro

e todos fragilizados em algo

e tu não aceitas?

ó minha amada

e onde u é

que já não te vejo

e já nem mais és minha amada

armada

que te vejo

amada

que te perco?

situação.

naquele dia o garoto não assistiu file pornô
estava cansado de propagandas enganosas.

2

estava cansado de propagandas
e renegou-se o bajular meninas

3

e renegou-se ir atrás
tocou punheta

4

estava cansado de filmes pornôs
de que valia o sexo
se todos ainda estavam vestido
demasiadamente vestidos?

5
demasiadamente vestidos corpo adentro
renegou-se o direito à punheta
naquele dia o garoto não tomou banho.

6
naquele dia encontrou uma guria
disse apenas bom dia.

7
talvez não tivesse dito
disse apenas
devo dizer algo?

8
ninguém nunca pensava
na merda que era pedir,
dizer, estabelecer contato

as mulheres sempre ets
antenas sintonizando o que querem apenas...

naquela noite tinha assistido filmes demais

9
filmes demais
e a virgindade era apenas, se houvesse,
a sombra.

10

quis ser ele mesmo
e percebeu que não poderia ser nem homem
nem mulher.

11

foi dormir no horário de acordar
o despertador batia meia-noite
e ele foi almoçar no lanche da tarde.

12
já não podia mais precisar
se precisava.

11 naquela noite foi dormir com seu ursinho
e um boneco de exército
debaixo dos lençóis
com a mão no pintinho


e era apenas quentinho.

é...

não receberei a recompensa
gastei meu tempo
para os outros
pela minha vaidade.

Ainda assim,
não receberei recompensas.

Os amigos,
apenas tímidos seres
como eu,
inanes, inférteis,
relegados,
seres de barrigas,
nucas curvas,
e o olhar ascendente
para o chão.

Ah... e as mulheres,
a doce ilusão.
nem a estética,
nem a companhia
nem o companheirismo
advirão.


ninguém deitará o mel ilusório e pueril do:
"que sensível!"
e nem ao menos do que "belo trabalho, belo poema", ou quem sabe do apenas
"que belo".

Não, as mulheres não precisam disso e nem querem.
e nem mesmo nós
nesta submissão de sermos amados
neste berço esperando
neste nunca implodir do ovo
escorrer amarelecido

e germinar solífero
como tronco de carne

fazer uma copa de sangue
exalar a rigidez do chão inerme
perante a dureza de lenhas carnívoras.


Não, as mulheres, e sobretudo as mães,
estas sempre foram apenas próprias mulheres e mães
não, elas não te querem no colo
e repudiarão a mão do afago
e você cutucará apenas o nariz sem remorços
a culpa quem sabe em cada catota...


seu sonho: elas talvez quisessem a força, algumas, quem sabe?
e nem isso você daria:
fraco, nem um pouco firme,
sem postura,
depressivo,
mal-resolvido com qualquer questão interna,
com qualquer questão externa
duvidoso...

até eu mesmo,
como é que eu mesmo poderia te amar,
você, ser tão deplorável?

e no entanto, eu te amo,
como um verme que mastiga a madeira até torná-la podre,
sim, assim é que te amo;

como um porco na lama,
animalescamente
engrunhescamente

e meus pés te pisam como
uma grande humilhação;

me pedes acerta a outra face
e te meto logo um tiro
para que feches logo esta tua boca,
esta tua degradada boca,
a boca e...

mas, para que tanto assédio à uma relez boca?
Pois, fale, fale apenas.

Tuas palavras continuam sendo só para ti,
se te leem - milagre? - és apenas mais um verso
desses tantos outros:

Tive um quinzilão de professores universitários e frustados
todos eles tiveram algum versinho
e terminaram e continuam a terminar a vida como idiotas
independente do sucesso obtido
todos eles continuam iguais
pretensiosos
orgulhosos
estudiosos
e quem sabe, melhores que eu?

não, nem eu, nem eles,
apenas mais um verso.

um dia estaremos quem sabe
em alguma geladeira
agenda de guria
chat
ou livro de auto ajuda
com sorte
citação de algum romance

(ou seria azar?)


versos, apenas, versos.

Ora, meu caro,
não fique assim.

Mulheres, fama?
estimado, reconhecido, aceito,
adorável, deus?

Em qual lâmpada mágica
atiraste o verso na garrafa
e cruzou os mares
abrindo caixa de pandora
com a esperança
o último e maior desespero?

Aquieta-te, ainda há do que beber
deve ser água
e deve haver a cama
sozinha, e ainda assim cama.

não te proponhas.

deita-te com sonhos que tu não lembras,
deita-te,
acordarás amanhã com uma febre ou um cigarro,
quem sabe um escarro

creio ter visto alguma verruga?

mesmice

Com meus amigos tenho qualquer desabafo,
qualquer compensação...

mas, eles são como eu, seres solitários,
desperdiçários de festas,
românticos sempre
de algum modo
românticos e fracos.

Na verdade, nunca poderia acreditar em meus amigos.
Não que não houvesse confiança
ou o encantamento da bajulação

o que se passa, é que eles muito me parecem
suas posturas anti-algo
suas vidas corrompidas por esta espécie de envenenamento
doses dos licores cirróticos da noção histórica
da suposta consciência...

E nossas vidas
o zarolho caos do impossível
não somos grandes
não chegaremos a nada

estaremos no mesmo bar
a mesma cerveja
outra garrafa porém

e os motes, as mortes,


um belo dia acordaremos
o despertador não sera a carabina inimiga
nem mesmo o cheque de um milhão de dólares e o nosso corrompimento
e a nossa corrupção

lá estará o despertador,
o mesmo horário,
o mesmo acordar
a mesma vida repetitiva que só se vive para esperar a morte
ou, menos trágico, a aposentadoria;

o despertador.

sim, ele,
sim, eu,
o mesmo.

- indelévelmente
o mesmo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

não consigo lidar
com quem me manda
fazer.


nem por imobilidade:
- 25 anos e só agora aprendendo,
que sou uma esponja,
que não sei dizer não,
que som bonzinho
excessivamente bonzinho


quantos crocodilos por dentro.


não aprendi a me levantar
esconderijos e esconderijos;
ocultei o estampado:

a inabilidade
a sensibilidade
a inaptidão

e esta sensação de que sempre tenho mais e mais e mais defeitos.

tudo essa estrela do mar pontuda,
esboroando finalmente em pólen aquático...

chorar é inútil
mimar-se inaplicável
a cama não dorme
não dorme a testa,
nem as adjacências.

o prático e eu vermelho
nervoso e ansioso
tremendo

- tanto medo debaixo da camisa;

tanto medomedomedo

-

veio esta mensagem:

sinto que mandam em mim
que me obrigam
que não sei lidar com ordens
e que sou quem as invento
para não ter que encarar
os cantos sozinhos
ilícitos
do meu quarto de faixada pretensamente tranquila.

minha resposta inane:
devem ser as mariposas e as teias de aranha,
a ragnarok,
ou apenas meus 7 anos e o ódio de fotos;
quando cresci aprendi a rir e a posar sorrisos estúpidos para não sofrer com o ter que me ver.

a câmera na sala de estar
sempre esperando
pra deflagrar

click

quem é você, carlos?