quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

viés do desejo

...?_____________________________________________objeto?


--------------------------------------objetivo?--------------------------------------
-

abjeto?__________________________________________objetado?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

hoje é o dia da morte
e o meu véu nem caiu direito
talvez eu não tenha sorte
de sair de jeito.

talvez eu não tenha o azar
de cruzar os braços
a vida em terristórios vastos
não tenho ainda lar.

e já fiz tanto
e não tanto
quanto ainda poderei
já fui rato, já fui rei,

mas, agora quero ser a roupa
e me vestir como aquela Roma.
aventuras demais
venturas de menos.

no caos
renomeaste
teu umbigo.

para quem agora
entregar o cordão?

sobre às nuvens.

chega

a dose de pessimismo já basta,
quero agora tequila...

que já fui cruel suficiente
e já me alimentei da força
da autodestrução.

posso, pois,
dar o próximo passo
usar todo o medo como laço

não para forca
mas, para me prender à colina,
acima do avião.

sem dedos.

perder a razão.
com razão, perder.

amar ao próximo
amar o próximo.

sofrer o vão
sofrer em vão.

procura
pra cura?

saber pensar
pensar saber

viver
e vi, e ver...

e morrer assim tão,
morrer, então?
fugir
fugir de todos
inadaptável ao meio.

quantas pessoas
quantos problemas.

ser só
só no mundo
mas como
se não há só,
se há mundo?

Como?

de tudo um pouco expropriado
e ainda imerso
até a calha, aquela antiga calha
da velha casa, do velho caso,
de onde escorreu o último pingo da tormenta,
até naquela calha, até nela,
tal leito passei e as águas
destruiram tudo e regaram.


mas, estas ruas em que ando
cidadão egoísta
que não olha os olhos das pessoas
para não se lembrar de humanidades
que quer o dia abatido
o silêncio irresoluto
o cinza, o fosco

este
que não deseja estrelas
que digere as nuvens sem o azul

e veja os paralelepípedos sólidos
como são bonitos os paralelepípedos
com seus vértices, suas arestas,
seu corpo maciço e duro
sua boca quebradiça e ainda assim persistente
resistindo
e pronto para o assassíneo.

ir dizer olá, alô
e mudo
não escutaram.

Lembra quando precisavas apenas falar o teu martírio mais profundo?
e quando alguém dizia, e você, tolamente trágico:
- olha, Carlos, eu vou tirar isto daqui, eu preciso arrumar umas coisas, vou tomar banho, vou sair...
eras tu
ou você?

e o que queria?

lá estou ele, o óvulo quente,
querias que não fossem os outro óvulos apenas se importando com seus
próprios espermatozóides?

quantas mães quis em vida?

três dias apenas
três horas somente
três terços très três.

e quanta matemática foi precisa para fazer o plano de não chegar em nada?
quanta lógica para o fardo de fracassarmos?

fuga ,, a fuga
e o desespero da fuga sem o suicídio

e o busco o capital necessário para a quietude e a mansidão
mas sou só este ´fleumático carro
curvas curvas curvas
e o conhaque, fabuloso líquido contempla o corpo.

vendo sem prestação
a pele
o pêlo
vale algo?

evasão estúpida da mercadoria
não, ser objeto de consumo não te faz
ileso, intocável
aquelas horrendas criancinhas e você na vitrine
uma roupa um brinquedo

e tudo ainda te diz
preste atenção
vivo permanece
não há FUGA.

o outro dia

ser sepre este homem
sempre entortado
traidor de si mesmo.

este homem
que é a ruína
malabarista quase no ponto de

este homem
invasor de terras próprias

este homem
fugitivo de celas e ao encontro de labirintos

este homem
rumando objetivamnte e perdido pelo objetivo

este homem
de auroras e eclipses simultâneos

este homem
que quer o controle e
sempre foge da segurança

este homem
que não sabe dormir
que não sabe descansar
que faz e defaz
e nunca se permite a ilha
mas antes o gigante e a nau rodopiando no cabo.

este homem
desépico
solitário por escolha pessoal
e reclamão

este homem
que é seu ostracismo mesmo

este homem
jogador criança
e perdedor adulto

este homem
para fora e trancado por dentro

este homem
que quer e só quer
e a falta continua perseguindo
seu ´próprio rabo

este homem
miserável e mesquinho
piegas e analítico

este homem
denucniador e acusador de si mesmo
advogado fajuto e criminoso fajuto
réu fajuto juiz fajuto (sem direito de dizer nada)
juri fajuto homem fajuto

este homem
animalesco e pútrido
tão forte frágil,
ambos em tom irônico
e tão estúpido em dizer

este homem
inútil, tolo, débil
vazio, sem perspectivas
sem vontade de devir
sem boca pra olhar
sem olhos pra ver
sem nariz
nem ao menos pra respirar

e risivelmente dramático.

Este homem
que não sabe cair no tom de abismo
mesmo aprofundado
e ainda assim vive sempre o outro dia
o outro dia
o outro dia

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

filho

ainda não é tempo
para que venhas
não é tempo

e nem sei se virás

o importante é que saibas
que já amo
já amei
e já amarei

sem saber de nada
sem saber de qualquer respiro
que nenhuma destas coisas é precisa

amo-te
filho meu
sem nem mesmo precise que venhas

porque tudo o que és
serás
seria

já vive em mim
como a inocência sem inocentes

e ainda te verei,
sei que verei,
naquele dia, se lembra?
em que estaremos
bombinhas na mão
a fazer daquele enorme edifício
nosso divertido jogo

de pequenas e preciosas bolinhas de gude.
como lutar
com esta preguiça
alienante?

para agir
milagir plurivezes
como pulsar
a inércia?

sair deste túnel
vozes que chamam
ecos de burburinhos

e meus ouvidos em sonhos
ínsula sou
em socialismos utópicos
debaixo do cobertor

nada tão pequeno burguês
vício de classe
e como vencer-me

fazer do dia-a-dia
o jeito possível
não sentar, não dormir,
a menos quando for ´
porque se fez um conseguido

e sem ascese
não querendo ser santo
nem mesmo sacríficio
que a vida não é desperdiçar
nem mesmo as unhas
por uma causa que nos prive

mas, como lutar
lutar contra seu próprio cansaço
cansaço que é ao mesmo tempo
o vício pessoal
e o vício de meu tempo

esse cansaço
que às vezes é amor
que às vezes é fuga
que às vezes é fingir não ver
fingir não existir
não estar
não ouvir
não saber
não querer saber
não pensar
receber receber receber
reclamar reclamar
dormir dormir dormir

não ser

como lutar contra tal cansaço?

enquanto caminhava

curvas
vácuas
onde
o abismo
parece
prazer.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

resina...

o passado agora só reside em fotos, as pessoas já nem mais existem pelos olhos,
e às vezes nem mesmo em fotos, nem mesmo em lembranças... mas, ontem eu acordei com aquela presença de um momento redivivo e aquele ser não estava ali, não estava seu corpo, nem seu cheiro, nem sequer a imagem. O que era então aquela resina atemporal de insubstância?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ao real, asas.

sonhas com o quê
e nem vejo asas?

rútilo de sonho
que é o brilho
na hora noturna
do mais caloroso fantasiar.

e ainda assim
nem vejo asas
vejo apenas tu
mulher, mulher
minha

e tão em ti
que és
que os pés
jogados
sem angelicalismos
apenas tua carne
nua
os cabelos sem caracóis
apenas as ondas
quebradiças
que se emaranham quem sabe em nós
e as correntes nunca são frágeis
e nem sequer se dizem eternas
apenas avassalam
por serem o que são
por serem seu viço
sua luta´
por serem naturais...

e não há sequer a pena pequena de asas...

não há céus nos teus olhos
e nem nuvens são seus dentes
mas teus ossos - espécie de giz do trabalho
em que teu corpo filosófa
faz a fibra do teu sangue
destila a lógica
e a luta
em toda a tua estrutura
e faz deste teu oásis
de pele, eu,
em desertos,
tomar da fonte os peixes
e ver anjos nasceram safadinhos
sorrisos marotos
e atitudes pueriscamente traquinas
(pois nem anjos sejam
apenas estas crianças travessas
pregando peças
como línguas em descoberta
feito a expansão das navegações)
vejo-os, sem asas,
e sacros e santos
e ainda assim risonhos
e sem castidade
sem piedade
sem pecados
apenas rindo
como se fossemos gargalhadas
ou seres monstruosamente belos
em cada acerto
e em cada erro despretensiosamente
colocado
como se fossemos apenas isso

e continuassemos sendo

sem aquela ilha perdida
em que se buscou achar a sombra
mas que nem nunca possuiu a luz
para que possuísse ao menos substância

há isso deram nome de platonismo
e erigiram amores no véu
e fizeram de cartas, mortalhas
criaram lendas das quais não puderam nem sequer alimentar
a real figura
dragões selvagens dos quais os lagartos verdadeiros
nem ao menos degustaram um pequeno verme que fosse...

a isso deram o nome de problema na cadeia alimentar
e a fome assolou o mundo.

e onde estavam as asas?

que eu nunca as via em ti
como um rastro de Beatrizes
o lago de via-crucis
sem a dor
e a pomba depois do terceiro dia?

não, não vi tais asas
e de repente
olhei tuas pernas
os músculos
os ossos
estes grandes atiços
de fúria e intrégua
vi-os
e de nada me pareceram asas
pareceram ao invés
um grande porto
no cume de uma montanha
e o sol chegou
e os oceanos de neve
fumaças que não eram de fábricas
nem de chaminés

apenas o exalar matinal
do teu afeto
e nada era só delírio
mas em minhas pálpebras
com os beijos vermelhos
tecia grãos macios
e que raízes são essas,
sem dar asas,
que nascem a terra
dos meus pés
e sem imaginação?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

evade

invade

aquela toxina

vício mneumônico.

são os processos cognitivos obsedantes...

a mente
esta máquina de referencialismos
o ontem o aqui o agora
o "o"

e o tempo continua existindo
apesar do calendário escorrer
e querer me apontar o cognome
- envelheces.

e esta resina alojada
resignada?
a substância de amarelos-rubros na hora do silencioso...

no fundo,
a vontade do rebuscar
puxar uma corda atrás
deixá-la puxar o próprio esquife

moribundo, seria a correta palavra?
moribundo, não.

é a consequência do idealizar-se,
do querer-se no auge dos momentos em rissonantes.

aquele tempo, mesmo tempo ainda,
e o fantástico só se valhe de mim
em intermitências
a busca infrene do absoluto
absolutamente inútil

e busquei a felicidade
não pela felicidade
mas pelo desejo da felicidade

esta isntância maior que ser feliz
maior ainda
que ser
qualquer coisa
além de mim

os barcos singram
levam a estibordo
as promessas
do euq ue poderia ter sido
levam
as besteiras
do que que quis
nunca ser
e continua sendo
num nada
protegido
pelo brasão da vaidade.


e a toxina a toxina toxina
china opierária de fabulações ininterruptas
a tosse
o escarro

jorro de mim mesmo degustado, salivado, mastigado
o bolo do ser próprio
e cuspo


toxina de véu palatino
desvela-se

evade

-se.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

dúvida.

por que não haver a dúvida
se cada instante é só a hipótese
de outro instante
se a morte é tão distante
e mais uma respirada
- estamos mortos?

por que não haver a dúvida
se a nossa fé nem é mesmo
em nós mesmos;
se a vida nascendo já é a potência
que se suspende a píncaros
esvanecendo em cada milímetro de milésimo?

por que não a dúvida
se o hábito nos faz acreditar na eternidade
e já matamos a eternidade
e nem sabemos mais se obteremos um hábito sequer?

por que não a dúvida?

Sim, a dúvida
e também a certeza da dúvida
que de tão incerta
parece abrir a possibilidade
da fé
na mentira real da existência.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ordem

um . dois . e...

Após ler um texto que citava lacan

Nego-te desejo
para não capturá-lo
e tê-lo findo
celado
neste mundo onde
tudo o que se quer
chega apenas a palavra dita

neto-te desejo
pois neste mundo de objetos
não busco o objeto findo
que já se apresenta
antes mesmo que eu sugira
a ideia de querê-lo

nego-te desejo
pois nem mesmo me sou
e só busco
em cada aspecto
algo diverso em que me transformo
- narciso vazio e suas faces múltiplas em cada rio,
apesar do olhar nas vítrines e um rosto único e títere.

nego-te desejo
exatamente para abundá-lo
pois toda tua busca
não me leva
à chave de teu segredo;

pois tua busca
nem mesmo me mostra
sequer fantasma,
espírito de fechadura.