quarta-feira, 31 de março de 2010

De crer

nada se mostra mais irreal
do que o reality show

e no entanto

sentados

vive-se imóvel
a realidade

vida que é vida
e não é

mais instrumento
de crer.

terça-feira, 30 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Alumbro

Assombro. No meio de carvões, o diamante. Não pude explicar aquela luz. Seus esmeraldos esmaltes, a tentativa de giz caiando seus mármores, a não-cor de seus sobrerios em rutilâncias. Era a sensação do impossível, a sensação do menor, do menos, ou do mais, só que pelo abismo.

Fitei. Um segundo a isca distante dos anzóis fisgada. E tudo me bouleversou, ao passo que para aquele ser, o olhar era o estar sob o mesmo foco, nos permeios da distração.
Será?

Átimo, é sempre átimo. E o alumbramento da beleza mais cheia de crença irrompeu. E,de repente, o vaga-lume se esvai. Vaga lucenteza, vaga lucerteza. Vago, vago lume.

Membros pensos e pensando. Se do silêncio a voz queimasse uma palavra de possibilidade. Não pôde. A bel-beleza e o sumiço.

A rua cheia de faróis, cheia de surpresas em corpos. Se há sinais, fechados. A questão era saber se um rutilo seria possível - quando estamos no através célere de uma rua, em que as luzes apenas passam e seguimos adiante, em relacionamentos de carros.

terça-feira, 2 de março de 2010

um segundo de questão.

(e... pôs a mão no rosto como se lesse a última página dum livro. Aquilo era a manhã e a manhã era na verdade o último segundo da noite. colocou a mão sobre os olhos antes de abrir as pálpebras, escondendo-as. Levantou-se assim. Passando pelo banheiro, acertando-se em alguns móveis rústicos de bauhaus ou quem sabe da corte real francesa de algum ano ou ainda num manchado sofá sujo - a escolha cabe a quem lê e ela determina todo o relato -, finalmente, aquela pessoa e suas marcas promovidas pelo choque com as coisas, aquilo, aquela pessoa, objeto, achegou-se a pia e, com a mão ainda por sobre as pálpebras, questionou-se:

Qual mass media eu serei hoje?)